Uma das primeiras peças que aprendi a fazer quando comecei com o artesanato foram bolsas de papel. Eu fazia vários canudinhos de papel de revistas usadas, juntava contas, ia trançando tudo com fio de náilon até formar uma bolsa. O forro, eu fazia com emborrachados. Com o tempo fui melhorando e substituí as contas plásticas por sementes de açaí, o fio de náilon por linha de sapateiro, o forro emborrachado passou a ser feito com lona e a alça que eu fazia com fio de couro trançado, passei a fazer com os próprios canudinhos de papel.
Para proteger o papel, eu cobria todos os canudinhos com verniz à prova d’água. Não que fosse uma bolsa para se usar em dias de chuva, mas o verniz protegia o papel para não envelhecer ou rasgar. Era uma bolsa delicada, feita para carregar coisas leves, para ir à festas e coisas do tipo. Era mais para mostrar a arte do que servir para carregar coisas.
Eu parei de fazê-las porque, infelizmente, este tipo de trabalho não é valorizado. A maioria das pessoas, ao menos em minha cidade, não valoriza muito o artesanato feito com materiais reciclados e reutilizados e outros trabalhos manuais. Acham que a peça, por ser feita com tais materiais sem custo, deveria ter um valor bem baixo. O que eles não sabem, e muitos não entendem, é que não vendo papéis usados. O que vendo é uma peça acabada artesanalmente e exclusiva, tendo como matéria prima o papel reutilizado. O valor está na mão de obra e criatividade e não no material. Eu levava praticamente um dia de trabalho inteiro para fazer uma bolsa desta.
Estas pessoas ainda não adquiriram a cultura do artesanato. Artesanato não é produção industrializada em série. As peças são confeccionadas uma a uma, feitas à mão. E torno a dizer aqui que o que se vende não é o produto somente pela sua função e sim também pela arte e por ser um produto único.
Valorizem nosso artesanato! Verão que é uma cultura muito rica!
Abraços do MM!
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